quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Prioridade do atual Governo do Estado

O atual governo tem nos últimos meses demostrado grande preocupação em divulgar suas obras de gestão e a secretaria de (Des)educação tem enviado tanto para as unidades escolares como para as residências dos docentes do Estado encartes contendo informações sobre a atuação do governo na "melhoria" da situação da educação no Estado. Não sei na unidade de trabalho dos demais colegas mas posso passar informações acerca dos locais onde leciono:
Escola Filipe Camarão em Prazeres: Não temos laboratório de informática e leciono disciplina de noções de informática para três turmas de ensino médio sem ter um computador; Não temos biblioteca ativa, pois falta pessoal.
Escola Alzira da Fonseca em Cajueiro Seco: Estamos aguardando uma quadra esportiva adequada;
salas de aula sem portas e não temos biblioteca ativa, pois falta pessoal.
Os docentes do Estado preferem menos conversa e propaganda e mais ação e investimento. Respeito tanto para nós professores com também para a comunidade escolar de um modo geral, com o oferecimento de unidades escolares adequadas para o bom desenvolvimento do aluno.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Inveja dos engenheiros da Secretaria de Educação!

Agora é oficial: a Secretaria da (Des)Educação está contratando engenheiros temporariamente (24 meses com possibilidade de renovação por igual período) pagando salário de R$ 3.230,00 por uma jornada de 40 horas semanais. Clique aqui e confira o edital.
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O Secretário precisa esclarecer o critério para a fixação dos salários dos engenheiros, afinal, professores recebem pela mesma jornada de trabalho semanal um salário-base de R$ 486,00!
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A direção (se é que há alguma) do SINTEPE também precisa esclarecer à sua base se irá tomar alguma providência relativa à discrepância entre os níveis salarias dos engenheiros temporários e os professores efetivos da Secretaria de (Des)Educação. Já havia sido noticiada na imprensa que esta contratação de engenheiros seria feita e nossa direção sindical, como de costume, sequer se pronunciou a respeito.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

PIEDADE DE NÓS

por José Ricardo de Souza*
Em tempos de Conselho de Classe, onde somos "obrigados" a aprovar a mediocridade, esta leitura talvez possa ser útil para a nossa reflexão:
Se você acha que este é um texto religioso, lamento decepcioná-lo, pois minha intenção é justamente outra. O que segue descrito nestas linhas, pode, no mínimo, ser comparado com um ato confessional, de como é grande a culpa, "mea grande culpa", diante de tantas distorções que se vêem por aí, quando o assunto é aprovar ou reprovar um aluno. É, sem dúvida, um momento muito delicado, e que deveria ser levado muito a sério, quando se atribuí um conceito ou nota para alguém, atestando, para todos os fins, que esta pessoa está apta para prosseguir sua carreira escolar ou para exercer uma profissão, se for o caso. Qualquer aluno aprovado, passa, assim, a receber o aval de um professor, que legitima que esse aluno, de fato, assimilou os conhecimentos exigidos no decorrer do curso. A dúvida, que se coloca é, será que, realmente, todos os alunos aprovados adquiriram o saber que o documento - diploma ou certificado - lhes conferem ? Infelizmente, acredito que não.

Existe uma política assistencialista que está corroendo o sistema de ensino, principalmente, o da escola pública. Sabendo que tem uma clientela de origem humilde, que precisa trabalhar desde cedo para sobreviver, sem muitas perspectivas de futuro ou oportunidades que garantissem uma melhor posição na sociedade, muitos professores, educadores, e até diretores de escola, acreditam que a melhor saída é a aprovação massificada de alunos empobrecidos, não apenas do ponto de vista econômico, mas também cultural e educacional. A maioria, sequer sabe ler ou escrever, e quando sabem são incapazes de interpretar aquilo que estão lendo, o que demostra que são verdadeiros analfabetos escolarizados, pessoas que atestam, de forma inequívoca, a falência de um sistema que teimosamente, insiste em aprovar, sem exigir conhecimentos prévios e adquiridos. As estatísticas de aprovação, frios números que ocultam a realidade, servem aos interesses dos tecnocratas do ensino, que em seus gabinetes, mostram-se satisfeitos, e passam para a população uma propaganda enganosa de que o Estado cumpriu seu papel, ao colocar na rua, tantos e quantos estudantes, todos aprovados. A mesma propaganda, se faz, quando se afirma que todos devem estar na escola, mas será que existe escola para todos ? E se existe, será que todos têm acesso a uma educação de qualidade, ou se incham as escolas de alunos, com classes superlotadas, sem um mínimo de infra-estrutura para desenvolver o processo pedagógico ?

O aluno, quando aprovado por mera piedade dos professores, é o mesmo que não encontra vaga no mercado de trabalho, por não ser suficientemente qualificado, é aquele que nunca consegue passar no vestibular da universidade ou num concurso públicos, e pior ainda, é aquele que legitima o sistema excludente e opressor, porque não tem consciência política, se acomoda, não participa dos movimentos sociais, e é facilmente manipulado pela mídia, tornando-se um servo fiel e dócil dos poderosos. É justamente neste tipo de aluno, que se revelam as maiores fissuras do modelo educacional, que privilegia a piedade ao invés do conhecimento. Além de ser aético, tal prática não ajuda, muito pelo contrário, até atrapalha, a superação dos estados de pobreza a que milhares de pessoas estão jogadas, porque omite-se a incompetência de muitos alunos, em admitir que, sinceramente, estão incapacitados de fazer jus ao título que a "Escola piedosa" lhes confere, aprovados pelo sistema falido, mas reprovados pelo mercado de trabalho e pelos vestibulares e concursos da vida.

A aprovação de um aluno deveria se pautar em critérios éticos, sendo ela, uma conseqüência da adquisição de conhecimentos, como se fazem nas Escolas mais sérias, comprometidas em formar indivíduos aptos a exercerem seus papéis de cidadãos e de profissionais competentes e qualificados, sem essa preocupação criminosa de se aprovar por quantidade em detrimento da qualidade. Façamos uma reflexão séria sobre o mal que estamos praticando quando aprovamos, mesmo que por dó de quem tem poucas chances de estudar, e acaba penalizado por isso. Não seria melhor parar um pouco para aprender mais, do que passar adiante, sem nenhuma base ou estrutura, para consolidar o caminho ? A Escola pode até facilitar a vida desses alunos empobrecidos, mas certamente terão que pagar um preço muito caro por isso. Afinal, os atalhos conduzem aos vícios, mas para quem pretende chegar à virtude, só mesmo trilhando o caminho da retidão. E este, é sempre longo, cheio de dificuldades, de desafios, exige muitas renúncias, mas no final, sempre se atinge o ideal desejado. É preferível reconhecer nossas lacunas, do que atestar nossa decadência. Devemos ter piedade sim, mas não dos alunos "coitadinhos", mas dos supostos educadores que ainda acreditam, e praticam, essa farsa montada para dissimular a desordem que impera no país.
* O autor é historiador, professor da rede pública estadual de ensino, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

domingo, 25 de novembro de 2007

E agora SINTEPE???

Em última assembléia que sucedeu a greve da categoria (junho/agosto), foi proposta do Grupo de Oposição (Alternativa/Sintepe) , a realização de plenárias mensais para que discutíssemos questões não resolvidas no período da paralisação. "Jogando" justificativas contrárias o Sindicato conseguiu maioria e derrubou a proposta. Alegaram haver necessidade de assembléias apenas em casos que merecessem atenção, aí os encontros seriam marcados.
O que aconteceu ? A proposta das telessalas foi apresentada às direções das escolas ainda no momento da greve, e implantadas de forma obrigatória em outubro do corrente ano. Projeto desestruturado que utiliza material da década de 90 (desatualizado e apresentando erros absurdos) bancado pela" parceria comercial" a Fundação Roberto Marinho , instituição privada que faz uso de profissionais ( dois) da rede pública para monitorar o programa, gerando assim economia para o Estado uma vez que, reduz o quadro de professores por sala de aula.
O Sintepe mesmo posicionando-se contra o projeto, por considera-lo um retrocesso no processo educacional, NADA tem feito para impedir a instalação e proliferação das telessalas.
Agora temos notícias que, em Camaragibe (minha cidade) a Escola Tito Pereira de Oliveira foi
"escolhida" pelo técnicos da Secretaria de (des) Educação para funcionar com Centro Experimental (escola de excelência) com funcionamento e professores em regime integral inclusive com remunerações bem maiores que nossos minguados salários, gerando dessa forma
diferenciações entre profissionais ( é a política da "inclusão") . Os professores também serão gratificados caso apresentem bom desempenho.
Na escola (Tito Pereira) a desinformção é geral, não sei se por ignorância ou por falta de vontade da direção, causando desconforto aos profissionais que trabalham na instituição uma vez que, não sabem como ficará a situação dos mesmos dentro desse contexto.
Perguntamos, não são estas questões conflitantes que merecem atenção e discussões em assembléias? Iremos assitir de braços cruzados os mandos e desmandos deste governo ?
Qual o posicionamento do Sindicato ( que nos representa) em relação a tudo isto? Que medidas "reais" estão sendo adotadas? O que dizer a categoria???
Responda-nos quem puder.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

20 de Novembro

Em estudo recente publicado pelo Dieese mostra que na região Metropolitana de Recife os negros (41,02%) ocupam o mercado de trabalho encaixando-se em atividades produtivas consideradas precárias e informais. Em outras regiões metropolitanas a situação não é muito diferente, em Salvador por exemplo, eles somam um percentual de 40;5% .
Estes dados servem apenas para ilustrar o que nos restou da libertação concedida aos escravos em 1888.
A abolição da escravidão irá produzir no país novos arranjos sócio-espaciais. Os negros "libertos" necessitavam buscar outras alternativas de sobrevivência. Livres mas, sem moradia, sem comida, sem trabalho remunerado.
Para assumir o trabalho nos cafezais, admitiu-se o trabalhador branco (europeu), assalariado. É a política de "branqueamento da raça" promovida pelas elites locais. Além disso, para a Inglaterra (que tanto pressionou o Brasil a exercer a libertação dos escravos) o que interessava mesmo era mercado consumidor brasileiro. Precisava expandir os seus produtos, garatindo assim a reprodução do capital. E quem compraria tais produtos? Os negros escravos sem remuneração?
Vê-se que, por trás de todo o processo que gerou a libertação da escravidão no país, está o interesse econômico.
Aos negros restou, amontoarem-se em casebres insalubres, (semelhantes aos vistos hoje no meio urbano) valendo-se dos recursos naturais disponíveis na época (barro, lenha, palmeiras etc.) Muitos , principalmente as mulheres, "optaram" por permanecer na residência de seus patrões, trabalhando em troca de casa e comida.
Hoje são os negros que necessitam de cotas para ingressarem nas Universidades, também são eles, maioria dentro do sistema penitenciário e nos espaços favelados. E esta situação ainda é mais grave para as mulheres uma vez que sobre elas recai toda uma carga de estereótipos sexuais femininos.
Portanto, é preciso vivenciar todos o dias a "nossa consciência negra", para não a perdemos de vista e nos posicionar-mos de forma contrária a este ato abominável (e suas sequelas) que foi a escravização dos nossos irmãos africanos em território brasileiro.

CONCURSADOS: ATO E PASSEATA



GRANDE ATO COM PASSEATA


MOVIMENTO ORGANIZADO DOS PROFESSORES DE PERNAMBUCO.

CONVOCAÇÃO GERAL
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ATENÇÃO PROFESSORES APROVADOS NO ÚLTIMO CONCURSO PÚBLICO - GRANDE ATO COM PASSEATA PELA NOMEAÇÃO!
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O Governo ameaça o nosso concurso com um novo Edital
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LOCAL: EM FRENTE AO MINISTÉRIO PÚBLICO - AV. VISCONDE DE SUASSUNA (PRÓXIMO AO PARQUE 13 DE MAIO)
RECIFE - DATA: 20 DE NOVEMBRO 2007
HORA: 09:00
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Informações: 9295.5716 / 8869.5578

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


Manoel Bandeira, Rio, 27 de dezembro de 1947.


Passados 60 anos, nada mudou!


A REPÚBLICA NO BRASIL

POR JOSÉ RICARDO DE SOUZA*
"O povo assistiu bestializado"
Aristides Lobro, republicano
No dia 15 de novembro de 1889, quando as tropas militares comandadas pelo marechal Deodoro da Fonseca ocuparam o Palácio Imperial, anunciaram a deposição de dom Pedro II, o que representou o fim do Império e o advento da República. A palavra República tem origem latina (vem de res publica) e pode ser traduzida como "coisa pública, embora sua instauração no Brasil não foi feita pelo povo, mas por membros da oligarquia rural e setores do Exército, que embora defendessem interesses distintos, se uniram num projeto político comum para derrubar o Império. A idéia de República não é nova no Brasil, remonta aos tempos coloniais, sendo a Capitania de Pernambuco privilegiada neste item, pois partiu daqui, mais precisamente de Bernardo Vieira de Melo, o primeiro "Grito de República", no antigo Senado da Câmara de Olinda, em 10 de novembro de 1710, durante o tempestuoso conflito intitulado "Guerra dos Mascates". O feito é citado por Oscar Brandão da Rocha na letra do Hino de Pernambuco: "a República é filha de Olinda".

Os pernambucanos levantaram a bandeira republicana outras vezes: em 1817, durante a Revolução Pernambucana, e na Revolução Praieira (1848-1851). As Conjurações Mineira (1789) e Baiana (1798), as revoltas regenciais da Cabanagem (1835-1840) e Farroupilha (1835-1845) foram outros movimentos de orientação republicana, sendo todos eles sufocados por forças legalistas, leais ao Rei ou ao Imperador. O processo de ruptura com a ordem imperial nasceu em meados do século XIX com as transformações sociais e econômicas surgidas no Brasil, que paulatinamente passava por um tímido processo de industrialização e crescimento das cidades, o que favoreceu à formação de novos grupos sociais, como as médias camadas urbanas. O controle político ainda era centralizado na figura do Imperador, no caso dom Pedro II, e disputado pelos partidos conservador e liberal, embora ambos representassem a oligarquia rural, proprietária de terras e de escravos.

Após a Guerra do Paraguai (1865-1870) o recém-formado Exército brasileiro passa a reivindicar maior participação na ordem política do país, o que foi veementemente negado. As lutas pela abolição da escravatura tomaram amplitude nas discussões políticas e ideológicas, sob influência velada do governo inglês interessado em transformar ex-escravos em trabalhadores assalariados, portanto possíveis consumidores das mercadorias inglesas que invadiram o mercado brasileiro na época. O governo imperial prometia uma abolição, embora "lenta e gradual" para não ferir os interesses dos cafeicultores. O envolvimento de alguns padres católicos com a Maçonaria foi alvo de conflito com o Império. Em obediência ao papa Pio IX, os bispos de Olinda, Dom Vital, e do Pará, Dom Macedo, puniram padres que participavam da Maçonaria, sendo por isso presos e condenados à trabalhos forçados. Assim se delinearam os três suportes ideológicos do movimento republicano: a questão militar, a questão abolicionista e a questão religiosa.

A articulação política dos republicanos foi formalizada na Convenção de Itu em 1873, onde foi fundado o poderoso Partido Republicano Paulista - PRP. O local escolhido para a reunião, um casarão de uma ilustre família de cafeicultores paulista, os Almeida Prado davam uma dimensão do que estava para acontecer. Os republicanos expuseram suas propostas num documento intitulado "Manifesto Republicano", onde se lê "somos da América e queremos ser americanos", numa clara referência que, com exceção do México, o Brasil foi o único país das Américas a adotar o regime monárquico após a emancipação política da metrópole portuguesa. O colegiado militar recebia influências do Positivismo francês do filósofo Augusto Conte, que inspirou o lema da bandeira republicana "ordem e progresso" e defendia um Estado forte para promovê-lo sem grandes rupturas com a ordem social existente. Ainda havia a questão da sucessão, uma vez que a princesa Isabel era casada com Gastão de Orléans, o Conde D'Eu, de origem francesa e de má fama após as atrocidades cometidas por ele na Guerra do Paraguai, como executar prisioneiros e incendiar hospitais de campanha.

O desenrolar dos acontecimentos após estes fatos foram meticulosamente articulados para colocar as tropas contra o Imperador. Primeiro, a adesão de lideranças civis, como Quintino Bocaiúva, Francisco Glicério, Aristides Lobo, Rui Barbosa, Silva Jardim, entre outros com os principais chefes militares, o próprio Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant (positivista convicto) e Solón Ribeiro. A partir daí bastaram boatos sobre supostas prisões de militares republicanos para desencadear o golpe militar. Às nove horas do dia 15 de novembro de 1889, o Visconde de Ouro Preto, chefe do governo imperial, é comunicado oficialmente do fim do Império brasileiro. No dia seguinte, dom Pedro II e sua família são exilados para a Europa. Dom Pedro II viria a falecer dois anos depois em Paris, esquecido e abandonado.

Concluindo, podemos afirmar que a República brasileira nasceu de um golpe militar, articulado pelos cafeicultores desafetos com a abolição da escravatura, e articulado pelos militares da linha positivista. Em nenhum momento, houve qualquer indício de participação popular. O Brasil republicano, pouco mudou para a maioria da população, que continuava empobrecida e excluída das decisões e dos grandes processos nacionais. Os donos do poder continuavam, como sempre, os mesmos, ou seja, era a oligarquia latifundiária comprometida com o capitalismo internacional, leia-se capitalismo inglês. A continuidade do governo republicano revelará mais adiante muitas manifestações contrárias aos desmandos do governo, um sinal de que as massas populares estavam insatisfeitas com os novos rumos impostos pela elite dominante.

* O autor é historiador,professor da rede pública de ensino, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista-PE.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

"Professor-gorjeta"


O Governo Eduardo Campos afirma priorizar a educação e respeitar os educadores, mas isso é pura falácia. Provas disso não faltam e o governo ainda cria outros indícios reveladores. A nova demonstração de descaso é a seguinte: mais um anúncio de contratação temporária foi realizado para o setor educacional, porém o absurdo não consiste apenas neste fato. Ocorre que entre os contratados temporariamente estão professores e também analistas de obras. Ao todo, o governo anunciou que contratará em regime provisório 671 professores, 608 educadores indígenas (embora ainda não saibamos se há gente capacitada para este fim num volume que atenda a esta demanda), 43 “educadores da terra” (?), 20 professores para o conservatório de música e 44 engenheiros. A seleção não obedecerá concurso e sim a análise de currículos.

São oferecidos os seguintes salários:
  • Professores com 200 horas/aula: RS 420,00
  • Professores com 150 horas/aula: R$ 380,00 (um salário-mínimo!)
  • Analistas de obras: R$ 3.230,00
A “curiosidade” deste anúncio é bastante grotesca: a SECRETARIA DE “EDUCAÇÃO” oferece aos professores salários equivalentes a 11,76% (150 horas/aula) ou 13% (200 horas/aula) dos salários pagos aos engenheiros a serviço da própria secretaria, ou seja, o governo simplesmente não pode argumentar que valoriza os professores quando estabelece uma relação salarial ostensivamente humilhante.

Define-se o termo gorjeta geralmente como uma gratificação pequena correspondente ao préstimo de algum serviço e, neste sentido comparativo, nós, educadores, estamos vivendo de “gorjetas salariais” pois nossos vencimentos equivalem a frações daquilo que é pago a outros trabalhadores a serviço de nossa própria secretaria. Quando uma Secretaria de Educação coloca seus mestres nos últimos patamares de reconhecimento profissional ao ponto em que educadores equivalham a uma ínfima fração de outros profissionais que não atendem à atividade-fim do setor, está evidenciado o mais gritante dos descasos, retrato de que a categoria é claramente desprestigiada, chegando a receber o pior salário do Brasil. Continuando a ilustrar a situação: ao todo, os salários dos 44 engenheiros que poderão ser contratados pela Secretaria da (Des)Educação corresponderão ao pagamento de cerca de 374 professores com 150 horas/aula ou ainda a cerca de 338 professores com 200 horas/aula.

Quais serão os argumentos cínicos que o governo apresentará para justificar esta discrepância salarial? O que nossa insípida representação sindical fará a respeito? Será que a direção do SINTEPE terá a mesmíssima atuação sem efeito que a caracteriza?

" República das Bananas"

Segundo dados mostrados (hoje) no Jornal Nacional, faltam 250 mil professores (ensino médio) no país . A carência maior se faz nas áreas de física,química e matemática. Ou seja, os profissionais formados, estão fora da sala de aula, encaixados em outras atividades que lhes garanta ao menos uma remuneração dígna.
Em Pernambuco, o governo do Estado anuncia contratação temporária de 671 docentes, pagando aos mesmos um salário ( estímulo) mínimo de R$ 380.00 por 150h/aula mensal.
Enquanto isto, o secretário de Educação (PE) Danilo Cabral, já assegurou do Banco Mundial US$ 151 milhões para" investir" em educação até 2011. O governo Lula, gastará em publicidade , R$ 150 milhões até o final do ano. E ainda através de Medida Provisória ( ontem aprovada por 261 votos a favor e apenas 86 contrários) socorrerá com as verbas do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) os governos municipais inadiplentes, favorecendo assim os" companheiros candidatos" nas próximas eleições.
E" VIVA a REPÚBLICA das BANANAS" !!!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Propaganda enganosa 2


A peça publicitária divide as "ações" do governo através dos meses. As informações relativas à educação são gotescas e vale a pena destacar (clique na imagem acima e confira):

1- Janeiro: "Implantação do programa de Reforço à Escolaridade" - Que programa é este? Alguém ouviu falar dele? Será algum programa secreto?

2- Fevereiro: "Capacitação de 20 mil professores" - 20 mil?! Outra medida que foi mantida em segredo, pois nem mesmo os supostos capacitados sequer tiveram notícia da "capacitação"! Será que isso realmente aconteceu?

3- Fevereiro: "Reforma de 461 escolas" - Quais? Qual o custo? Ninguém informa!

4- Abril: "Aquisição de kit escolar completo (mochila, camisa, caderno, lápis, tesoura, etc.) para todos os alunos da rede estadual em 2008" - Será?

5- Maio: "Aulas suplementares para tirar o atraso escolar de milharesde alunos" - "Aulas suplementares"? Falácia: o governo está anunciando reposição de greve como aula suplementar ou não sabe o que é aula suplementar? A propósito: todos sabem os motivos da greve e sabem também as razões que fizeram com que ela durasse tanto tempo

6- Junho: "Nomeação de 1.630 professores concursados" - Depois de anunciar equivocadamente que não era necessário contratar nenhum...

7- Julho: "Reabertura da Etepam e da Escola Agrícola de Palmares. O Governo dobrou o número de vagas dos cursos profissionalizantes" - Faltou esclarecer que o dobro de pouquíssimas vagas continua não singificando nenhum avanço.

8- Outubro: "Distribuição de vale-livros para professores" - Afinal, como o governo paga os piores salários do Brasil, professores só podem comprar livros recebendo auxílio

Propaganda enganosa 1

O Governo Estadual pagou publicidade para produzir três páginas em revistas de circulação nacional para fazer o bom e velho serviço de auto-propaganda elogiosa, exagerada e com informações que não correspondem aos fatos. Lições da gestão jarbista...

domingo, 11 de novembro de 2007

Educação Pública em debate

Recentemente os Democratas (DEM) promoveram uma palestra para tratar da educação pública em Pernambuco, dizem ser este o tema ou a bandeira para as próximas eleições. O palestrante convidado para o evento ( preside o Instituto de Co- Responsabilidade pela Educação ) é o engenheiro Marcos Magalhães. Isto mesmo, um engehneiro tratando da educação. No encontro, Mendonça Filho ( ex-governo e "preocupadíssimo" com os problemas educacionais) destaca os Centros de Ensino Experimental, (escolas em tempo integral) entre estes, o Ginásio Pernambucano segundo ele, uma experiência concreta.
O comentário exposto, apenas reforça a política educacional em Pernambuco e no país, são empresários do setor privado que responsabilizam-se pelas questões referentes à educação pública. É a proposta do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) que atrelado ao PAC ( Plano de Aceleração do Crescimento) vem sutilmente privatizando o setor público, é nessa onda de privatizações que entram a Fundação Roberto Marinho (com as telessalas), a Fundação Airton Senna e o Grupo Gerdau ( um dos maiores produtores de aço do mundo). Portanto, não é estranho que a cada avalição as escolas públicas apresentem índices cada vez mais baixos.
É lamentável o quadro educacional que presenciamos em nosso país e o que mais nos entristece e revolta é constatar a inércia dos nossos sindicatos que atrelados aos governos contribuem para a perpetuação do caos instalado na educação pública no Brasil.

Novo vexame pernambucano!

Mais um retrato vivo da crise de nossa educação foi exibido para todo país através do programa Fantástico, na Rede Globo. A produção do programa realizou uma matéria através da qual foi aplicado um teste para alunos de escolas de redes públicas estaduais. A escola que representou Pernambuco foi a Jordão Emerenciano, de Recife, e o resultado obtido não contraria aquilo que é público e notório: nossa educação está falida!
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Ficamos em péssima colocação no levantamento: penúltimo lugar, obtendo uma média geral de 1,2 ponto numa escala de 0 a 10 pontos!
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Este é mais um triste indicador de nossa crise.
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Confira o "Provão do Fantástico" e os seus resultados aqui!

... e por falar em assembléia...

Será que ocorrerá mais alguma assembléia do Sintepe neste ano?

Assembléia ASSEPE/SASSEPE

Assembleia ASSEPE/SASSEPE dia 13/11/07 as 9 horas. Auditório do Pro- Rural (antigo CONDEPE) R: Gervasio Pires, 399 Boa Vista ( em frente ao MTC)
Assunto em pauta: Manutenção da Casa de Apoio (Assepe) e forma de gestão do HSE (Hosp. do Servidor do Estado) . O governo propõe a privatização, os médicos (mercenários) brigam internamente para" jogar" o hospital para a rede SUS , os mesmos recebem por cliente ( é renda per capita). Nós, da categoria brigamos para assegurar e manter o que conquistamos pois o hospital foi construido com o dinheiro dos servidores, para os servidores.
O Ministério Público alega que, por ser público o hospital não pode atender apenas a um seleto grupo, devendo o mesmo ser aberto à todos porém, não age da mesma forma em relação ao Hospital da Marinha, o Hospital do Exército e o da Aeronáutica.
Precisamos reforçar a luta e nos fazermos presentes neste e em outros encontros.

domingo, 4 de novembro de 2007

A PARÁBOLA DO MEDO

Queria sair hoje à noite, mas não posso. Quem me dera, pudesse passear pelo bairro, visitar as praças, ver as crianças brincarem, e por instantes, sossegadamente esquecer dos problemas da vida, mas isso me é impossível. De repente, escuto estampidos. Fogos, não. Tiros. Alguém pode estar ferido, ou quem sabe até morrendo naquela hora. Mais uma vez, a vida perdeu terreno para a morte. Não uma morte qualquer, mas sim a morte súbita, repentina, inesperada; violência que abrevia sonhos, esperanças, projetos, vidas de seres que apesar de tudo, ainda posso chamar de humanos. Talvez, agora, você entenda porque não posso sair à noite.

Meus avôs, meus pais, podiam colocar cadeiras nas calçadas, e em noites de luar proseavam sobre a vida, o mundo e o destino. Hoje, se fizer isso, posso acabar tornando-me testemunha involuntária de alguma briga ou discussão na vizinhança; por isso preferi fechar a janela, única abertura visível para o mundo exterior, uma vez que portões, portas e grades já estão devidamente encadeados. Aos poucos, acabei tornando-me um preso, embora nunca tenha, e menos pretenda, ter cometido crime nenhum.

Até quando vou ter que agüentar tudo isso ? Até que ponto, nós, cidadãos de bem, que cumprimos zelosamente nossas obrigações para com o Estado, que pagamos impostos e votamos, vamos ficar à mercê dos facínoras foras-da-lei, que impunemente banham as ruas e periferias de sangue ? Ninguém agüenta mais tanta criminalidade que rima com banalidade, marca cruel da nossa omissão e indiferença diante das lágrimas das mães que perderam seus filhos, ou dos filhos que perderam o pai, ou das esposas precocemente enviuvadas. As covas frias dos campos santos não poderão sepultar a dor dos que ficam, e que fazem do silêncio um tímido clamor de justiça.
Já que não posso sair, vou assistir à televisão. Diante dos meus olhos desfilam: guerras, conflitos, bombas, explosões, acidentes, discussões, agressões físicas e verbais, estupros, fome, miséria, desemprego, mortes. Fico entediado. De relance, folheio o jornal. Surpreso, leio que mataram mais dois no meu bairro (antigamente, só matava-se um, mas agora só se mata de dois para cima). Saturado de ver, ler, sentir, perceber, observar tanta violência, abro uma garrafa. Depois duas, três, quatro ... Entre uma garrafa e outra, vai uns cinco ou seis cigarros. De agredido, torno-me um agressor. Na ânsia de fugir para escapar da paranóica violência acabo ferindo-me, numa absurda troca: invés da saúde, os vícios.

Ainda bem que já está amanhecendo o dia, trazendo consigo os raios do sol que simbolizam a esperança de um mundo sem sombras, iluminado com os apelos da paz. Da noite escura, restou apenas uma estória: a parábola do medo. Esta que acabei de lhes contar.
* O autor é historiador, professor da rede pública estadual de ensino, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

O piso no Orkut



Para os "orkuteiros": foi criada uma comunidade para debater e promover uma mobilização por um piso salarial digno - e não esta coisa pífia que está sendo deliberada pelos distintíssimos congressistas recebedores de tetos salariais.


Clique aqui para acessar.

sábado, 3 de novembro de 2007

O exercício da docência atrai menos a cada dia


A concorrência para os cursos de licenciatura é cada vez menor, poucos são os jovens que visualizam um futuro exercendo a profissão de professor, fato comprovado visto a concorrrência das universidades federais do Estado de Pernambuco para o ano de 2008( ver site da Covest).
Os salários baixos e as péssimas condições de trabalho e estruturas das escolas fazem esse exercício ser pouco atrativo, pois não vislumbra perspectivas de melhoria, principalmente em se tratando de Pernambuco que paga aos seus docentes o pior salário do Brasil: R$ 3,03 por hora/aula. Funções a nível de ensino médio pagam salários superiores aos recebidos pelos docentes estaduais. Devido a esse desincentivo prefere-se trabalhar em comércio, serviços e outros a se exercer a docência. Muitos docentes já migraram para outros setores e a grande maioria que consegue se manter exercendo a função, trabalha em mais de dois empregos cumprindo uma carga horária de trabalho excessiva.
Diante disso ficam os seguintes questionamentos : O que o governo pretende para nosso Estado?Concorrência zero em 2009 para os cursos de licenciatura? Extinção da categoria de professor? Televisores em vez de professores dialogando com os alunos através de projeto no molde de telessalas?Permanência de Pernambuco no último lugar nos testes nacionais de aprendizagem?
Qual será o futuro de Pernambuco se houver a manutenção da atual postura do governo de desvalorização e desrespeito aos docentes do Estado? Pensar em desenvolvimento desvinculado de investimento efetivo em educação não é possível e neste setor Pernambuco está estagnado há décadas. Os pernambucanos esperam um "Um Novo Pernambuco". Até o momento a "Esperança Não Se Renovou"...