sexta-feira, 7 de março de 2008

O improviso como regra


A edição do atual concurso para professores demonstra o quanto são carentes de bom senso e critérios os mandatários de nossa Secretaria de Educação. O quadro de vagas oferecidas por disciplinas é um exemplo bem claro. Considerando que nos dois últimos concursos não foram oferecidas vagas para as disciplinas Sociologia, Filosofia e Artes, chega a ser curioso o cálculo utilizado para a definição da seleção atual, pois para estas disciplinas são oferecidas, respectivamente, 14, 21 e 49 vagas! Custa acreditar que estes poucos professores atenderão às necessidades específicas de profissionais habilitados para lecionar tais disciplinas em toda a rede estadual.
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Mas não há apenas equívoco por trás destes cálculos, há algo que já é bastante comum: negligência e descaso! É um habitual senso de que o improviso e o vale-tudo são coisas normais e possuem a finalidade de remendar os estragos causados pela imperícia daqueles cujas funções consistem em interferir irresponsavelmente no processo de ensino-aprendizagem. Professores de História, por exemplo, continuarão lecionando Filosofia, Sociologia, Artes para “completar a carga-horária”, prejudicando estas disciplinas e desviando-se da prática de lecionar a disciplina para a qual foram preparados e legitimamente concursados - ou pior, quando muitos professores sequer ensinam suas próprias discplinas de formação e apenas improvisam e "tapam buracos" lecionando outras disciplinas para as quais não foram habilitados.
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Como já abordamos, o improviso e o uso de professores como joguetes e “remendos” será ampliado, pois a recente promoção de temas transversais à categoria e status de disciplinas curriculares agravará a situação. Professores insatisfeitos ensinarão sem motivação, sem base e sem recursos as disciplinas impostas por tecnocratas pseudo-pedagógicos que insistem em afirmar que estão promovendo uma grande transformação em nossa educação! Alguém na Secretaria de Educação parou para pensar nisto? Os malabaristas da pedagogia de gabinete deveriam parar de improvisar às nossas custas e nosso improvisado secretário de educação deveria tomar a consciência de que não dá para improvisar nosso futuro brincando de fazer (e impor) medidas sem critério na educação pública de nosso estado.
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Se a moda pega, a Secretaria de Saúde acabará fazendo algo semelhante, deslocando ortopedistas para executar cirurgias cardíacas ou odontólogos para realizar exames de próstata! Vale tudo, não é mesmo?

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