quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dez estados não cumprem metas do Ideb para ensino médio

Brasília - Apesar do aumento na média nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2007 para o nível médio, dez estados não atingiram a meta prevista para o ano: Alagoas, Amapá, Goiás, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe e Espírito Santo. Comparado aos outros níveis, o ensino médio foi o que registrou maior número de estados que não cumpriram a meta.
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Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, "não se consegue corrigir tudo de uma vez só. É preciso compreender que é uma boa onda e que é preciso reforçar o que começou nas séries iniciais. Vai chegando às séries finais do ensino fundamental e com muito esforço chegará ao ensino médio."
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O Ideb das primeiras séries do ensino fundamental, por exemplo, subiu de 3,8 para 4,2. No ensino médio, a média nacional foi de 3,5 - em 2005, era de 3,4. Os dados foram divulgados hoje (11).
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Para a presidente do Conselho Nacional de Secretarias Estaduais de Educação (Consed), Maria Auxiliadora Rezende, a explicação para o baixo desempenho do ensino médio está na falta de políticas públicas que priorizem esse nível.
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“Não é aceitável, mas é explicável, porque por dez anos nós tivemos o foco no fundamental. Nos dez anos do Fundef [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, substituído pelo Fundo de Manutenção da Educação Básica, Fundeb, do qual o ensino médio faz parte], mais de 60% dos recursos eram estaduais. Isso levou, em muitos estados, a um crescimento muito reduzido do ensino médio, inclusive de investimentos”, explicou Rezende.
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Ela acredita que os investimentos no ensino fundamental refletirão em um ensino médio melhor, já que os estudantes chegarão mais preparados a ele. “Eu acho que o investimento na base vai provocar naturalmente uma mudança no ensino médio, mas com certeza é um elo que precisa ser fortalecido, e é aí que a gente continua esbarrando na questão do financiamento. Ainda hoje é o elo mais frágil, que mesmo com o investimento corriqueiro [atual], não vai resolver este problema”, defendeu.
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Entretanto, ela salientou que esperar a chegada dos estudantes, que hoje estão no ensino fundamental, ao ensino médio não pode ser a única saída para a melhoria das notas, e que os jovens que hoje cursam o ensino médio precisam “ter um tratamento diferenciado”.
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“Eu não posso dizer para um jovem que está no ensino médio: 'olha, eu sinto muito, você foi vítima da história, você vai sair da escola muito ruim, porque você teve um fundamental ruim', eu não tenho o direito de fazer isso. Eu tenho que, com os limites que nós temos, conseguir estruturar um [ensino] médio integral, para ele ter reforço escolar. Nós temos que encontrar saída mesmo que, do ponto de vista histórico, nós estejamos realinhando o fluxo”, ponderou.
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