sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O mercado

por Josué Nogueira- interino
diário político
Diário de Pernambuco(13 de janeiro de 2011)

Em toda campanha eleitoral, o cidadão vira alvo de mensagens publicitárias oficiais que alertam para a necessidade de se votar com consciência, de não vender seu apoio, de exercer direitos e deveres. Tudo muito natural e louvável. Educação é processo e é preciso tempo para que as aulas de civismo surtam efeitos. O curioso é que justamente os homens eleitos para representar os receptores da propaganda fazem de Brasília um mercado. Ofertam apoios e cargos no comércio instalado no Legislativo. Os negócios são fechados na base do escambo. Quem oferece um item quer outro em troca. Mas as negociações não são assim tão diretas. Existem barganhas, chantagens, ameaças. Tudo em nome da valorização do produto exposto. A mesma tática de venda que movimenta o balcão de cargos do segundo escalão vê-se agora na liquidação de vagas nas mesas diretoras, liderança partidárias e comissão das Casas onde leis são votadas. Legendas de pouca expressividade e outras que perderam quadros tentam se promover a todo custo, embora saibam que são mercadorias em queda livre. Nomes que pleiteiam funções para as quais ética e probidade são imprescindíveis se metem em esquemas cabeludos pra chegar onde querem, a "feira", como se vê distancia o Legislativo da excelência que deveria ser buscada. A força da caneta fala mais alto: a possibilidade de inchar gabinetes com nomeações, de dispor de mais verbas públicas, de ter mais poder, enfim. Exatamente o oposto das ações de civismo da publicidade dos tempos da camapanha. Tudo muito natural (lá, para eles), mas completamente condenável.

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