sábado, 30 de julho de 2011

Qualidade da educação em risco


A leitura do artigo abaixo reforçou uma opinião bastante formada que tenho. A autora aborda a baixa qualidade na formação e na base dos alunos em instituições de ensino superior. E não é por menos, afinal, o baixo nível qualitativo na educação básica virou regra, apesar dos mais belos e emplumados discursos da nobre pedagogice que ressalta a mediocridade como mérito. Esta baixa qualidade tem reflexo no ensino superior, onde a lógica também é reproduzida – vide o exemplo do fiasco no último exame da OAB.
Alunos não precisam se empenhar, pois praticamente virou política educacional inflar resultados sem comprovação de qualidade de ensino. Quem atua no meio sabe da pressão pela aprovação de alunos a qualquer custo, mesmo que não tenham aprendido fundamentos elementares para a progressão.
A visão do aluno como coitado que precisa evoluir na escola sem ser cobrado virou uma irritante – e desastrosa – realidade. Além disso, vemos por aí um batalhão de professores despreparados, desatualizados, desmotivados e, claro, muitos incompetentes que adotam o velho hábito do fazer de conta que ensinam. Estes últimos são ideais para o cumprimento dos desmoralizantes propósitos dos ideólogos da pedagogia da farsa, que acham excelente ver índices de reprovação ser eliminados das maneiras mais artificiais possíveis, através da empulhação e da maquiagem de resultados para fazer propaganda. Aqui em Pernambuco esta arte ganhou um refinamento todo especial, pois o governo tem brincado com propagandas forjadas em dados duvidosos para demonstrar um ganho de qualidade que só os plutocratas da educação enxergam. Quem está no front custa a crer nestes dados.
Mas aí voltamos a uma situação inescapável: os educocratas e os teóricos das mais variadas correntes das pedagogices não mantém seus filhos em escolas que aplicam seus métodos. Sabe por que? Eles sabem que não funcionam e querem que seus filhos recebem uma educação de qualidade (muito) superior.
Fiquemos então com o texto de Sílvia Gusmão Ramos:
Qualidade da educação em risco
Pesquisa do Data Popular mostra que, entre 2002 e 2009, o número de estudantes de graduação passou de 3,6 para 5,8 milhões, dos quais 58% pertencem à classe C. A ampliação da inclusão social proporcionada pelo aumento de renda no Brasil e comprovada pelos dados é, sem dúvidas, uma conquista a ser comemorada. O processo deve, entretanto, ser pensado e desenvolvido com a atenção que a complexidade do tema demanda. Isso porque algumas vezes pode se configurar numa cilada, quando se pensa em crescimento sustentável.
É o caso da educação. A precariedade da rede pública de ensino tem tido reflexo direto no desempenho desse novo perfil de alunos do ensino superior. Carentes de conhecimento e de leitura, um grande número desses jovens chega às faculdades sem o domínio das regras de ortografia, concordância e cálculo, além de não conseguir fazer a interpretação dos textos. Situação que problematiza o entendimento e o acompanhamento dos conteúdos das disciplinas dos cursos.  
A dificuldade em acompanhar as matérias é tal que algumas instituições de ensino superior particulares de São Paulo têm procurado soluções para não perder seus alunos. Tem investido em aulas de nivelamento no primeiro ano das graduações. O reforço costuma acontecer antes do período normal de aulas, no caso do noturno, ou após o expediente escolar, para quem estuda pela manhã.
Trata-se de uma ação estratégica dessas instituições, imprescindível para sua sobrevivência. Ir além da queixa da precária escolaridade dos estudantes ou do estabelecimento de todo tipo de acordo, comprometendo inclusive a qualidade do ensino, para mantê-lo deles na faculdade.  
Vale lembrar que um desempenho negativo dos alunos em provas como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) coloca em risco a existência da faculdade no mercado. E os resultados recentes da rede particular não são nada animadores. Enquanto 83% das instituições de Ensino Superior que obtiveram resultados insatisfatórios são privadas, 56% das universidades que alcançaram a nota máxima da avaliação são públicas

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