quarta-feira, 24 de setembro de 2014

BÔNUS E ÔNUS

Criado em 2008, baseado na filosofia de gerenciamento industrial trazida para Pernambuco pelo ex-presidente da Phillips, o empresário Marcos Magalhães (responsável pela transformação do Ginásio Pernambucano em Escola de “Referência”), o Bônus de Desempenho Educacional premia profissionais das escolas da rede que conseguem cumprir as metas estabelecidas pela Secretaria de Educação e que são aceitas pelos gerentes/gestores das escolas comprometidas com o Pacto Pela Educação. Assim, como acontece nas empresas privadas, os trabalhadores das escolas precisam doar-se ao máximo, vestir a camisa da empresa, produzir resultados, aprovar maciçamente, diagnosticar e resolver os conflitos existentes nas unidades em que lecionam.
Como as unidades da rede normalmente apresentam problemas diversos que vão desde a precariedade na estrutura física da escola (infiltrações, problemas na rede elétrica e de esgoto entre outras coisas) passando por bibliotecas, salas de informática e laboratórios funcionando precariamente ou sem funcionamento, falta de materiais didáticos e até de professores, a corrida pela premiação tem levado muitos trabalhadores em educação a um nível elevado de estresse, ansiedade, depressão e outras doenças. Os professores precisam dar conta em tempo hábil de uma quantidade imensa de tarefas que vão desde o preenchimento de burocráticas cadernetas, realização de atividades extraclasse, preparação de aulas e avaliações, elaboração e colocação em prática de projetos educativos, avaliação e reavaliação dos alunos, etc.
Além disso, por conta das baixas remunerações pagas à categoria, a maioria dos professores da rede possui mais de um vínculo, sendo então, obrigada a trabalhar em dois ou três turnos diariamente. Isso sem se falar no número excessivo de alunos por sala e na violência que é algo frequente dentro e fora da escola. Dessa forma, a bonificação que vem disfarçadamente como uma forma de valorizar o profissional e escolas que se destacam, é, na verdade, um mecanismo de negação de melhoria salarial aos docentes e, ainda, um meio de promover competição, discórdia e doenças entre os trabalhadores em educação.

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